Publicada originalmente em quatro volumes, sob título de “Os vingadores da Patagônia trágica”, nos anos 1970, esta investigação custou o exílio do autor e do seu editor. O vingador anarquista Kurt Wilckens foi assassinado mesmo detido na prisão.
A história do genocídio de mais de mil e quinhentos trabalhadores rurais em greve na Patagônia, levado a cabo pelo exército a mando do próprio Estado em defesa de grandes estancieiros em 1922, incomodou aos poderosos homens de bem da junta militar argentina como também ao governo de Javier Milei, que neste ano de 2025 ordenou a derrubada de um momumento em homenagem a Osvaldo Bayer localizado na cidade de Río Gallegos, capital da província de Santa Cruz, onde aconteceu a tragédia.
Por mais estúpido que pareça, estes atos simbólicos não são extravagâncias de um títere que foi parar na Casa Rosada. O ocultamento do crime, passados mais de cem anos dos fatos, e o apagamento histórico da luta social dos trabalhadores são métodos que nunca deixaram de ser utilizados pelas elites econômicas.
A denúncia contida neste livro é um registro documentado de um massacre institucionalizado, uma chacina a sangue frio nos gelados campos sulinos do continente. Esta inédita tradução ao português serve para fortalecer a consciência de que a busca por dignidade neste sistema injusto e desigual é coletiva e não terminou.
SOBRE O AUTOR
OSVALDO BAYER (1927 – 2018) nasceu em Santa Fe, na Argentina. Foi jornalista, historiador, escritor, roteirista e torcedor do Rosário Central. É uma referência na luta dos trabalhadores, dos povos originários, dos direitos humanos, e da militância anarquista por um mundo mais justo e pacífico.
"Bayer foi um daqueles mestres que, seguindo a ideia do Walter Benjamin, resolveu passar a história a limpo, mas na contramão do que sempre nos contaram. Mais de cinquenta anos atrás, ele começou uma pesquisa que o levou a reconstituir as greves dos peões rurais da Patagônia, lá no começo do século XX, que com reivindicações básicas de dignidade, acabaram mexendo com os interesses dos privilegiados e foram respondidas com uma repressão brutal. A verdade foi ocultada por décadas, mas esse livro não só trouxe à tona as provas dos crimes cometidos pelos poderosos como também resgatou, para a memória coletiva e para nossa história popular, os valores da solidariedade, da luta social e política, e seu profundo significado para a transformação da realidade."
Ulisses Gorini.
“A publicação no Brasil de A Patagônia Rebelde deve ser motivo de comemoração para todos que se interessam pela história das lutas de trabalhadores por todo o mundo. Este livro aborda as greves e rebeliões de trabalhadores rurais levadas a cabo na província de Santa Cruz, no sul da Argentina, entre 1920 e 1921. Foi um amplo e radicalizado movimento que, com protagonismo dos anarquistas, se articulou para enfrentar as condições precárias de trabalho e a exploração dos fazendeiros. Conciliando combativas lutas de massas e armadas, o movimento pretendia avançar para um processo de transformação social revolucionária, mas foi brutalmente reprimido pelo governo Hipólito Yrigoyen, que encarregou o coronel Héctor B. Varela para o massacre, resultando no assassinato de 1500 trabalhadores insurretos. Trata-se de um livro que merece ser lido, pois, além de retratar um destacado episódio da luta de classes latino-americana, pode inspirar mobilizações e lutas contemporâneas contra o capitalismo e o Estado.”
Felipe Corrêa
“Numa pesquisa minuciosa, Osvaldo Bayer, disposto de uma larga documentação histórica, transporta o leitor para os anos 1920 e transmite o clima de tensão que mobilizou trabalhadores e proprietários a intensificarem a guerra de classes na Patagônia. Um relato vivo da acumulação primitiva de Capital em pleno séc. XX, que com apoio da violência estatal, permitiu a poucos estancieiros expropriar terras de indígenas e trabalhadores, massacrar greves camponesas e assassinar militantes socialistas e anarquistas. Um recorte histórico brutal, sobre luta de classes, resistência operária e repressão militar, que permanece atual e relevante até os dias de hoje.”
Ramón Ortiz
A Patagônia rebelde
Tamanho
624 p.
ISBN
978-65-85243-61-2
Formato
140x210mm.
Idioma
Português.