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Foto do escritorMarcelo Cortes

Marcelo Monteiro, a tensão entre a obra e a trajetória da arte na América Latina

O artista Marcelo Monteiro tem sido a presença do existencial na trajetória da arte distribuída na obra da vida. Ao seu lado pode-se percorrer os andares daquilo que são os ensinamentos de uma subversão calma porque é histórica, processual. Exemplificando, qual seria o delito de um lagarto? Perder as pernas para se transformar em cobra? Para assim poder cumprir o papel intersubjetivo da natureza, em sua transcrição nada objetiva, construindo objetividades artísticas na vida política, que serão diluídas no conflito social de nossa sociedade. Marcelo Monteiro representa o embate, a presença.


É preciso viver a demolição, pois o conflito e a crise não seriam a mesma coisa, um trabalho de arte é gerador de vidas políticas, assim foi a participação de Marcelo Monteiro no livro “Espetáculo do circo dos horrores” no Brasil: uma teoria da história e do rap (2022). Seu traço nas ilustrações acabou colocando a intenção do “passado prático” de Hayden White ao caráter do possível, nos ajudando a propor o “tempo prático” exercido pelo rap. Assim, temos a teoria do rap agora vivendo nas ruas como uma “gangue” do ativismo. Dessa forma, Marcelo Monteiro, com suas ilustrações, jaquetas, estéticas, colocou as intenções do trabalho em um outro nível de abordagem histórica. A “técnica” professoral de Marcelo Monteiro se reverte na trajetória de um Rapaz Comum dos Racionais MCs ou na América Latina de Milton Nascimento. Aa teoria do rap é a aplicação da prática que se expressa em discurso. Pois a prática e a teoria são facetas de uma mesma mobilização. Ora, são ações, quando a prática se baseia em si mesma cai no senso comum da vida, sendo paralisada e frustando nossas perspectivas diante dos repertórios críticos bem consolidados, dado que a “arrogância” da prática nada efetiva, cria os becos sem saída que somente o pensamento pode tentar evitar. Gerando temporalidades e frustrações em nossas expectativas que se transformaram em pesadelo no futuro.


O encontro entre Facção Central (homenageamos aqui Dum Dum 1970 – 2023) e Hayden White foi possível, porque estamos atentos àquilo que Lilyane Deroche-Gurcel coloca: Max Horkheimer ao retratar a Theodor W. Adorno porque Sohn-Rethel não devia fazer parte do time (a Escola de Frankfurt), deixava evidente os motivos. O candidato não integra a obra à sua trajetória no mundo. Ou seja, não mobiliza a política envolvida no fato da vida. Aquele espaço que a arte tensiona ao chutar sua bunda para ação (reflexiva e prática). Max Horkheimer se justifica dizendo assim “von Hass geschärfter Blick das Bestehende”. Ou seja, faltava ao candidato “o olhar aguçado pelo ódio a tudo o que está no lugar”. Portanto, seria nesse aspecto que Marcelo Monteiro prencheria os requsistos da vaga de Frankfurt; pois esse latino-americano vaga vagabundamente porque é comprometido, politizado, e todo antifascista precisa ter gotas anti-sociais que produzem politizações oceânicas.


Em uma verossimilhança dos fatos, em nosso caso, sabemos, a América Latina foi despedaçada e tudo que está de pé na garantia dessa fatos deve ser criticado e desestabilizado na postura da vida, de como encará-la e vivê-la. Muitas coisas não podem estar de pé como estão, a serviço da colonização e outros fatores da mazela latina brasileira. Por esses meios, o trabalho de Marcelo Monteiro percorreu as urgências de nosso tempo, assim experimentamos uma outra forma de escrever a história e a história do rap, para denunciar “o espetáculo do circo dos horrores no Brasil de todos os dias”. Seria o painel desse desenho que precisamos combater, exercendo uma solidariedade combativa primeiramente entre nós para com isso contaminar nossos aliados de caminha e arte política.


Marcelo Monteiro é artista natural de Porto Alegre, e estudou no Atelier Livre (1998 – 2008). Produz xilogravura, litografia, calcografia, desenho, fotografia e vídeo. Cria arte para capas de livros e ilustrações literárias digitais e impressos. Desenvolve, também, projetos audiovisuais em vídeo dança e performances institucionais. Atua na concepção, planejamento e montagem de exposições de arte. Sócio artista do Núcleo de Gravura do RS, fundador do Grupo Pelos Muros, ilustrador na Editora Coragem, coordenador de montagem Bienal do Mercosul, diretor de Arte do Estúdio Hybrido, professor de Litografia e Xilogravura.

Em 2011, criou o Estúdio Hybrido, juntamente com sua esposa, a designer de moda Vanessa Berg, onde desenvolvem atualmente seus projetos. O Estúdio Hybrido tem como missão, além de produzir e divulgar suas pesquisas e obras autorais, propiciar o diálogo com outros artistas e entidades públicas, privadas e autônomas, que atuem nas áreas da cultura, com o propósito de desenvolver projetos transdisciplinares. Dessa forma,Marcelo Monteiro produz a tensão entre a obra e a trajetória da arte na América Latina.

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